quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Uma nova ordem política
Quem observa o mar de lama em que se converteu a vida pública no Brasil, com escândalos seguindo escândalos, não tem motivos para otimismo para com a política brasileira. Todo o ranço patrimonialista, arbitrário e cínico se mostra abertamente e homens de altos escalões se apresentam à nação envolvidos nos mais escabrosos casos de corrupção, nepotismo, descaso para com a coisa pública e, principalmente, vivendo uma espécie de delírio que os coloca em outros mundos. Os governantes e membros de escalões importantes falam como se vivessem em outro país. Não é por acaso que muitos se referem a Brasília como sendo um tipo de ilha da fantasia, onde vive um povo distante do resto do mundo e alheio às realidades que os cercam.
Há, sem dúvida, preocupações legítimas de políticos sérios que lançam mão dos recursos legais disponíveis, como as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), para fazerem vir à tona os desvios e tortuosidades do sistema, com seu homens envolvidos nos mais complicados episódios que vão do desvio de verbas públicas ao tráfico de influência. Mas, CPIs têm também e principalmente função política e a maioria, por isso mesmo, acaba numa enorme pizza requentada. No Brasil, pelo menos, os resultados de CPIs têm sido escassos em relação ao seu número e importância como mecanismo investigador da vida pública.
O problema em si não são os mecanismos de fiscalização, também distorcidos e desacreditados, mas o modelo político vigente, caduco e esclerosado e que encontra enormes entraves à sua modernização simplesmente porque alijaria do poder aqueles que lá se encontram há décadas. Os donos do poder não têm intenção real de fazer uma verdadeira reforma agrária, urbana, tributária, partidária, política e econômica no país, pois sabem muito bem que seus interesses seriam os primeiros a serem atingidos. Sem pressão da sociedade civil nada mudará. Aliás, alguém mais notou como muitos dos membros da triste era Collor estão de volta ao poder, num revezamento e alternância de cargos e funções muito característicos de países politicamente imaturos como o nosso?
Em verdade, enquanto não tivermos cidadãos mais conscientes e politizados não teremos governantes menos obtusos. Enquanto isso, a maioria dos espíritas permanece excessivamente preocupada com o movimento espírita e seus achaques, alheia às questões externas de interesse e largo alcance social. O país rola para o abismo da desordem e do caos, abrindo possibilidades reais para a explosão de distúrbios no campo e nas cidades e os governantes, embalados por seus delírios de poder, ludibriam a nação com as promessas, planos e projetos de sempre. Toda a esperança está sendo jogada para o segundo semestre, com a falácia da retomada do crescimento econômico, como se este não estivesse dependente de fatores externos e internos, fora do interesse e controle dos referidos donos do pode